Pensar na "segundona" em um domingo a noite, tão temida entre trabalhadores e estudantes, como se fosse apenas "mais uma"segunda-feira, igual a passado e a próxima, nos faz pensar que a vida é uma série de repetições tediosas, e não de excepcionalidades significativas para a formação de um indivíduo. É a percepção acerca do tempo mais mesquinha que já pude imaginar.
Ora! Se o início de semana é tão odioso assim para nós, por que pulamos de alegria quando o feriado cai justo na segunda? Eis uma prova de que não odiamos os dias, mas sim o que fazemos com o nosso tempo.
Ciclos, tais como as semanas, é uma regra que deve ser seguida para conseguirmos exercer nosso trabalho, ou qualquer atividade, bem como apresentações de seminários, aquele filme que está em cartaz, um encontro marcado ou até mesmo algumas horas a mais de sono, geralmente ocorrente no sábado e domingo. Mas, diante da percepção de que esperamos a semana toda pelo final de semana, estaríamos nós sujeitos a um tipo de escravidão? Isso mesmo, escravidão! Não compara-se a escravidão africana, por exemplo, mas denominaria de "escravidão moderna", pois não percebemos o quanto perdemos com isso, em qualidade de vida, nossas relações com amigos e familiares e o tempo que passamos a sós, relaxando ou meditando, pensando, ou vivendo da forma com queríamos. Odiar segunda, terça, quarta, quinta (e sexta nem tanto) em prol da chegada do sábado e domingo é como arrastar-se por um pedaço de pão e um gole de água em um deserto. Não é justo estarmos submetidos a esse tipo de sistema. Por que não tomar uma taça de vinho na segunda? Por que não assistir a um filme na terça? Precisamos mesmo esperar o final de semana para viver? Façamos o inevitável, quebremos as regras, fujamos do "comum"! Já não basta exercer 1/3 de atividades por dia que mal gostaríamos de fazer. No Brasil, pelo menos, geralmente trabalhamos no que somos obrigados a fazer para comer e beber, além de pagar contas. Regalias? Raramente. Passar 8 horas fazendo o que não queremos, faz muitas pessoas odiarem as outras 16 que ainda existem num dia. Não é a toa que os índices de depressão sobem a cada ano. Se a segunda-feira, tão odiosa quanto ela parece ser, de fato, fosse tão odiosa assim, por que não odeia-se ela em um feriado?
A ideia de ciclos é uma boa, quando refere-se a dia e noite, somente. Pra que se arrastar por 5 dias pra viver 2? Pra que esperar pra viver? Fala-se muito em felicidade na mídia e redes sociais, o dinheiro permite que faça coisas que não seria possível sem ele, mesmo que sejam poucas coisas. Ao final de tudo isso, pergunto a você, leitor, para que responda a si mesmo: aonde estaria a felicidade, se não no tempo que nos é dado?
Nenhum comentário:
Postar um comentário