13 de jan. de 2017

Os Irmãos Karamázovi: Dmítri Fiódorovitch Karamázov, o Mítia


Sobre o suposto parricídio e roubo de míseros 3000 rublos, repercutido na Rússia inteira: Passara semanas indo à casa de seu pai em silêncio, sem ser notado por suas criadas, somente para descobrir se sua amada, Grúchenhka, estava decidida a casar-se com seu pai, mesmo tendo ela admitido mais tarde que adorava causar ciúmes em Dmitri Karamazov, também conhecido como “Mítia” e em Fiódor Pavlovitch Karamázov,

pois gostava de vê-los se odiando por sua causa e fora mesmo o motivo da desgraça que Dmitri cometera que o levou ao tribunal acusado de assassinato, mesmo tendo ele somente surrado seu pai por ciúme e pelo seu caráter vil que o velho tinha, e não matado como supunha as autoridades locais. Malgrado o suicídio de Smierdiákov, que poderia ter sido entregue ao juiz por Ivã Fiódorovitch (estando ciente da verdade e já tendo ele mesmo quase sucumbido a loucura) e dessa forma inocentado seu irmão, uma vez que fora o lacaio suicida o autor do crime, aceitou Dmitri seu destino, embora fosse passar seus penosos dias em presídio na Sibéria. Apesar da bebedeira, seu caráter destacava-se entre seus irmãos, até mesmo perto do asceta e devoto Aliócha Karamázov, a quem tinha tanto amor e respeito: poderia mesmo até sacrificar-se por ele. Tornar-se-á a principal figura da obra, em minha opinião, não por ter posto fim ao incrédulo Fiódor, como muitos desejavam, porque afinal não fora ele o autor do crime como muitos supunham, mas por ter desejado mata-lo, e estar disposto a pagar pelo assassinato que não cometera simplesmente por desejado o fim de seu pai. Quanto ao caráter de Fiódor P. Karamázov, pode-se mesmo ser resumido na frase "Après moi le déluge" (depois de mim, o dilúvio): pereça o mundo, contanto que eu me ache bem, eu só. Doutor alemão, Herzenstube, pouco citado mas que conhecia Dmitri desde sua triste infância, certa vez oferecera ao garoto um punhado de avelãs após vê-lo brincando sozinho no pátio de sua casa, e sentiu mesmo compaixão pelo garoto que, descalço e com somente um único botão segurando-lhe as calças, tinha a alma exalando inocência, e poderia mesmo supor anos depois que teria sido Dmitri o autor do crime pela falta de atenção por parte de seu pai, embora sua convicção o dissesse o contrário no momento do julgamento. Ao final da acusação contra essa nobre alma, sendo demonstrada a decadência da sociedade Russa na figura e comportamento de Dmitri, bem como o início de um novo sistema judiciário, fora ele um personagem que jamais vivi e que jamais poderia ter imaginado pelo seu caráter indelével e ao mesmo tempo audacioso, e que deixará marcado para sempre aquela pequena cidade russa pelo “caso Karamazov”, tanto falado nos jornais e revistas da época. “Gott der Vater”, “Gott der Sohn”, “Gott der heilige Geist” meu caro Mítia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário